Faz cerca de meia hora, tento escrever sobre uma menina que corre atrás de borboletas.
São borboletas coloridas, que voam com leveza e que atraem as pessoas que as notam...não são todos que as vêem.
A menina corre, pula, feliz, não vê o que se passa, não vê que entrou em um mundo diferente do seu, está inebriada demais com as cores.
Já as cores da borboleta, não são cores da borboleta; disse Alberto Caeiro: é as cores que tem as borboletas e não as borboletas que tem as cores, falando em tom poético que no contexto pode ser totalmente aplicável.
Certo, continua sua corrida.
O que busca diante de tantas cores? Não sei...talvez felicidade.Isso!Felicidade, um pouco de emoção para a vida parada que tinha com seus besouros.Pensa que melhor é ser das borboletas, que voam trazendo brilho, felicidade, cor, música e poesia...do que ficar no chão com os besouros pacatos com de terra.
E é assim que é envolvida...uma dança e se pousa, outra rodopia e toca sua pele na nuca te dando um arrepio desagradável...é uma dança tão mágica que tem uma vontade imensa de comer todas elas, para que sempre tenha borboletas na barriga.
Mas o tempo passa.Ficou muito em um mundo que não era dela e não soube administrar aquilo que não estava ao seu alcance.
Seus pés não tocavam mais o chão e seu vestidinho flutuava ao som da dança sinestésica.
Sinestesia....
e....ah....
o tempo passa, as nuvens se fecham.
O Sol se vai.
A Lua não vem.
O brilho se acaba.
O que era belo ficou feio; o que era borboleta se tornou mariposa, e o que era grama virou um buraco frio, escuro, cheio de insetos ainda mais baixos do que seus besouros cor de terra.
A menina que antes saltitava, agora chora ao ver que não tem ninguém, que não tem nada, que borboletas voam e não deixam as cores, e que não se pode sair do chão.
Ela entendeu que saindo para voar, caiu de uma altura duplamente maior do que iria cair.Percebeu que está abaixo das flores.Abaixo do mundo.
A menina chora, mas ainda espera pelo amanhecer, ainda acha que vai olhar para cima e ver que o buraco não é tão feio, nem tão grande, nem tão frio....
Essa menina vive em mim.
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